terça-feira, 3 de abril de 2012

Primavera

Brotaste em mim qual desejo em flor
Peguei-te, toquei-te, colhi-te
E enchi-me do teu sabor

Passaste os dedos quentes demais
Na linha funda que me separa
Que me divide em duas metades tão pouco iguais
Uma leve, outra carregada
Uma inteira, outra derrotada
Uma plena, outra desviada

E esta tontura que me acompanha
E este silvo e desvario
São apenas o espelho
Do outro eu, que és tu num corrupio

Esconde-me agora o olhar
Passa a mão num canto meu
Aperta-me num doce embalar
E sossega-me, finalmente, com um beijo teu