Um desafio aos leitores!!

Já que umjeitomanso.blogspot.com me «anunciou» enquanto Contadora de Histórias, vamos lá pôr-me à prova! Quem se interessar, envie-me email (diazinhos@gmail.com) ou deixe comentário num dos textos, com uma palavra ou frase que me «inspire» para um próximo texto. A ver se pega e a ver se estou à altura..

quinta-feira, 31 de maio de 2012

Gabriela, cravo e canela

Cheiras-me a canela, sabes-me a canela. A canela picante. Não é que saibas mesmo, mas a cor da tua pele, do teu cabelo, das tuas ancas é canela e é quente.
Sei que não devia dizer-te isto, nem cantar-te ao ouvido, nem sequer mostrar-te o quanto te quero. Mas tu és assim como que um bocadinho de mim, que anda assim longe de mim, que me quer assim perto mas também me afasta, que sabe melhor que eu o quanto te preciso, que me enleia nesse perfume cor de pele e me deixa de cabeça pendida.
Se um dia me deixares pegar-te na mão e, de vento nos cabelos, me deixares levar-te até aquela curva na Arrábida, vou dizer-te o quanto te quero e gosto de ti.
Sabes que sou Poeta, mas só me inspiras prosa. Estou capaz de encher folhas e pedras e troncos de árvores e até paredes e estradas, só de palavras de mim para ti. Minha musa ausente, de mim apartada.. Vejo-te no braço daquele bem-posto, bem-falante, de finas famílias e que te dá as casas, as férias, os ouros, a vida que julgas querer, mas não te dá nem uma pontinha do sonho em que eu te posso levar comigo.
Esta é a história de um amor que tu dizes impossível, que dói , mas que também não faz mal doer - porque é nosso, porque assim és minha -, que se vai escrevendo entre poemas sem rimas e infinitas declarações proseadas e assim, letra a letra escreve o que há-de ser de nós.
Não queria ser novela, prefiro para nós uma crónica. É que, sabes, esperar faz ferver, faz doer, faz perder  a cada momento que passa, mais uma letra da história que pode ser a nossa. Ou podia, já nem sei.
Sabes-me a canela, cheiras-me a quente. Anda para mim, pode ser que te escreva uma rima no dia em que  te tiver ao acordar. No dia em que nos deixares começar...



segunda-feira, 21 de maio de 2012

P.S.

Tens que perceber que quando te digo «Gosto de ti», não é uma coisa simples como parece. É uma coisa cá de dentro, do fundo, do ventre. Para que percebas melhor: cada Gosto de Ti digo-te assim mesmo, esventrada, desnuda, exposta, esquecida de tudo de mim.
Com as horas, os dias, os anos, aprendi - com o tempo, sei -, que há coisas que não se explicam, sentem-se apenas. O Tu e Eu é um desses porquês para o qual me resignei a não haver qualquer tipo de racional.
Dói, fere a cada momento terminado, a cada ausência, a cada limite de nós.
Enche, sossega, cura e cuida a cada momento em que tenho a tua pele na minha.
Meu querido, meu doce, minha paixão, meu Gosto de Ti até ao infinito de mim, meu ser fora do meu corpo, meu interior que vive exposto, meu desejo que corre em mim, minha vontade que nasce desfeita, que será de nós?
Acho que descobri a resposta à pergunta do outro dia, à pergunta de sempre: E afinal que somos nós dois?
Cúmplices.
Somos cúmplices na vida, no que sentimos à for da pele e em cada respirar.
Somos um que é quase um, dizias. Acrescento, agora já sem rir, já mesmo sem sorrir, já mesmo de lágrima apertada num canto do meu Eu: somos Um que rebenta de vontade de ser Um.
Somos os cúmplices que sabem todas as repostas, mas que as calam.
Amar dói. E eu gosto tanto de ti..

Depois de ler um lúcido e acertado texto de Miguel Esteves Cardoso, So Um Mundo de Amor Pode Durar a Vida Inteira
http://www.citador.pt/textos/so-um-mundo-de-amor-pode-durar-a-vida-inteira-miguel-esteves-cardoso

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Som de mim

A música enchia a sala. Estava dentro de mim. No meu peito, no meu ventre, na minha cabeça, na ponta das mãos e pés. Nestes momentos toda eu sou música. Quem me dera viver assim. Com a música em todos os milimésimos de mim.
A voz rouca da fadista, o som pujante das guitarras com a orquestra. A dança eléctrica e contagiante da brasileira. As vozes de tantos num coro só, ao som das cordas e da bateria.
O poder da música. Fecho os olhos e deixo de ser uma pessoa só. Sou muitas e sou nenhuma. Saio do meu físico e vou mais além, pairando sobre o momento.
Com sorte encontro ao meu lado alguém que vive amúsica como eu, de sorriso nos lábios e tremores cá dentro. Que se enche com a música.
Ás vezes não é preciso mais que isto. Nem palavras, nem mais em que pensar. As palavras às vezes magoam, o que pensamos às vezes fere.
Sentir apenas. Ser apenas.
Amar.