Estamos no topo da montanha, no topo do meu mundo. Encho o peito deste ar transparente e doce, dou uma volta sobre mim - braços bem abertos, claro, há que abraçar estes momentos encantados – tenho vontade de cantar bem alto e tenho vontade deste silêncio cristalino. O verde nas rochas cinza, brutas, agrestes, esconde um bocadinho destes que somos nós. Estamos enleados na natureza e isto é tão bom assim.
«Procura a minha mão», penso para mim. E os teus dedos tocam os meus. «Puxa-me para ti», penso. E num instante estou encaixada no teu peito. «Toca-me levemente como só tu sabes nestes cabelos negros impossíveis», penso. E logo a tua boca beija a curva da minha nuca.
Vamos ser sempre assim, digo-te num segredo, a voz esmagada pela plenitude daquele sítio, daquele momento. Nosso. Dizes-me que sim com um beijo demorado na minha boca. Gosto quando demoras os teus lábios nos meus. Devias fazê-lo mais vezes, mesmo entre as tuas pressas e correrias. O teu sabor no meu-que-é-teu-que-é-meu. Aquela coisa do mais-que-perfeito, que nos oferecemos um ao outro desde o nosso princípio.
Devíamos começar a descida, vamos demorar e os outros esperam-nos lá em baixo, naquelas ânsias de voltar. Sempre todos a quererem voltar: dão uma espreitadela, suspendem a respiração e depois toca a correr de volta para os dias iguais. Mas eu só quero ficar, parar, respirar, sentir. E estar contigo assim na minha pele.
Podia fazer aqui uma casinha, um T zero ínfimo, só assim um tecto para abrigar-nos nos dias de chuva ou do sol fervente do Verão que queima, nestas terras que tanta falta me fazem lá no nosso mundo de todos os dias. Pois era, fazíamos assim um abrigo e vivíamos aqui em contemplação, suspensos, alimentando-nos desta pureza toda, desta transparência. E do nosso amor.
«Vamos».
Trazes-me de volta ao que deve ser, à normalidade, lembras-me que os outros estão lá em baixo à nossa espera, que ninguém vive de amor e do ar e da transcendência e de frios bons na beira da pele. Nem isso pode ser assim só por termos a sorte de ter a mão na mão um do outro.
Sorris e levas-me contigo, cheio de felicidade dentro de ti.
«Podíamos casar-nos aqui». Saiu-me e tu gostaste. Eu que sempre te adiei esse dia, agora podia ser já. «Agora podia ser já; gosto disso», dizes-me tu como tantas vezes dizes do que me sai para ti.
A descida é rápida contigo a guiar-me, eu vou perdendo a minha leveza, vou ganhando o peso dos dias de todos os dias, do que tem de ser, do que deve ser e já não sou aquele ser alado em que me torno quando estou lá em cima, no meu mundo.
É esse mundo que quero agora e já que passe a ser nosso, o nosso mundo onde voltamos toda e cada vez que os teus lábios se demoram nos meus e a tua pele passa a ser a minha. Queria, agora e já e para sempre, assim.
«Procura a minha mão», penso para mim. E os teus dedos tocam os meus. «Puxa-me para ti», penso. E num instante estou encaixada no teu peito. «Toca-me levemente como só tu sabes nestes cabelos negros impossíveis», penso. E logo a tua boca beija a curva da minha nuca.
Vamos ser sempre assim, digo-te num segredo, a voz esmagada pela plenitude daquele sítio, daquele momento. Nosso. Dizes-me que sim com um beijo demorado na minha boca. Gosto quando demoras os teus lábios nos meus. Devias fazê-lo mais vezes, mesmo entre as tuas pressas e correrias. O teu sabor no meu-que-é-teu-que-é-meu. Aquela coisa do mais-que-perfeito, que nos oferecemos um ao outro desde o nosso princípio.
Devíamos começar a descida, vamos demorar e os outros esperam-nos lá em baixo, naquelas ânsias de voltar. Sempre todos a quererem voltar: dão uma espreitadela, suspendem a respiração e depois toca a correr de volta para os dias iguais. Mas eu só quero ficar, parar, respirar, sentir. E estar contigo assim na minha pele.
Podia fazer aqui uma casinha, um T zero ínfimo, só assim um tecto para abrigar-nos nos dias de chuva ou do sol fervente do Verão que queima, nestas terras que tanta falta me fazem lá no nosso mundo de todos os dias. Pois era, fazíamos assim um abrigo e vivíamos aqui em contemplação, suspensos, alimentando-nos desta pureza toda, desta transparência. E do nosso amor.
«Vamos».
Trazes-me de volta ao que deve ser, à normalidade, lembras-me que os outros estão lá em baixo à nossa espera, que ninguém vive de amor e do ar e da transcendência e de frios bons na beira da pele. Nem isso pode ser assim só por termos a sorte de ter a mão na mão um do outro.
Sorris e levas-me contigo, cheio de felicidade dentro de ti.
«Podíamos casar-nos aqui». Saiu-me e tu gostaste. Eu que sempre te adiei esse dia, agora podia ser já. «Agora podia ser já; gosto disso», dizes-me tu como tantas vezes dizes do que me sai para ti.
A descida é rápida contigo a guiar-me, eu vou perdendo a minha leveza, vou ganhando o peso dos dias de todos os dias, do que tem de ser, do que deve ser e já não sou aquele ser alado em que me torno quando estou lá em cima, no meu mundo.
É esse mundo que quero agora e já que passe a ser nosso, o nosso mundo onde voltamos toda e cada vez que os teus lábios se demoram nos meus e a tua pele passa a ser a minha. Queria, agora e já e para sempre, assim.