Demoro-me nos lençóis quentes da noite bem dormida.
Se me desvio um milímetro, arrepio de frio. A cama está vazia de outro que não eu e até me sabe bem assim.
Deixo os dias começarem devagar, estico uma e outra parte de mim, à vez. Procuro as vozes das crianças; às vezes estão, outras não.
Enquanto desperto devagarinho da noite espreito se o dia já chegou. Entra luz pelas falhas do estore e assim sei que está na hora. Na hora de começar.
E está mesmo na hora de começar, acordar, de voltar a mim. No fundo, sair do casulo em que me enrolei em cura demorada.
Aos poucos, com vagar e sem tempo a contar, voltam as vontades nas pontas dos dedos e à flor da pele. Mais regradas: quando caímos não queremos voltar ali.
Enche o peito de ar e vai, disseste tu.
Bem sabes que as palavras correm por mim e poucas são as que ficam. Não é arrogância, é falta de tino mesmo. Mas estas guardei-as sem saber -- melhor, sem querer.
Vamos.
Menina, toca a acordar.
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