Um desafio aos leitores!!

Já que umjeitomanso.blogspot.com me «anunciou» enquanto Contadora de Histórias, vamos lá pôr-me à prova! Quem se interessar, envie-me email (diazinhos@gmail.com) ou deixe comentário num dos textos, com uma palavra ou frase que me «inspire» para um próximo texto. A ver se pega e a ver se estou à altura..

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Bom astral


Hoje é só assim....uma música de que sempre gostei muito, com uma mensagem que faz muito sentido

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Código de Morse


Ontem?

Não, hoje.

Mas a sério mesmo?

Sim, mesmo, a sério, muito a sério.

E tens a certeza que queres?

Sim, agora sei, daqui a pouco já não sei se saberei.

E não era para ter sido ontem?

Já te disse que não, hoje, só hoje é que é, não sei porque percebeste que teria sido ontem, quando te estou a dizer: Queria ver-te.

Porque disseste que querias. Não disseste «Quero».

É o Imperfeito de Cortesia. Lá tenho que estar eu a dar-te lições de Português..

Cortesia, comigo? Chegámos mesmo a isso? Depois dos anos em que estivemos lado a lado, segurando-nos, amparando-nos, de mão dada, vivendo juntos à nossa maneira? Cortesia…?

Ai, não leves a mal, não te prendas nesses pormenores dos meus preciosismos linguísticos. Estava a querer dizer-te que depois de todo este tempo afastados, desta tempestade sem fim, finalmente sei que quero sentir-te meu outra vez, que agora sei que, seja como for, hei-de ser sempre tua, que agora quando te liguei, naquele preciso e precioso momento queria o teu abraço no meu e adivinhava até as minhas lágrimas na tua pele ao primeiro toque. E tu só tinhas que responder «Vou já para aí» e agora estragaste tudo com estas tuas manias e agora afinal deixa, tinha que ser no imediatismo daquele momento, que já foi, já passou, foi-se e agora não sei quando voltará.

E volta?

Se não estragasses tudo, voltaria. E agora estou a usar um Condicional personalizado. Só para que saibas.

(E, finalmente, sorrimos.)

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

´Tá de Chuva

Elogiei-lhe a fatiota aprumada de hoje. Camisa preta, gravata de riscas azuis claras, blaser castanho com quadradinhos encarnados (seria?). Ele a sorrir-se todo: Gosta dótôra? é que eu escolho tudo a condizer! E eu sem conseguir vislumbrar o que é que condizia ali e com o quê. Nada, claro. Mas ele feliz. Agora que anda de óculos novos até parece mais bem-posto, mais senhor de si. Não fossem a magreza extrema, a sujidade das mãos com que hoje apertou a minha e os dentes inexistentes e/ou mal tratados, até passaria por um de nós. Seja lá o que for isto de «ser um de nós». Mas é um mero arrumador de carros, estimado é certo, mas nesta vida indigente, a ter que pedir moedinhas, a esforçar-se por mostrar que se esforçou mesmo quando só aparece quando já estamos de saída.
Para que estou a escrever tudo isto? Ainda para mais já escrevi sobre ele outras vezes.
 Eu não sei bem o que é, mas acho que sou eu com vontade de descobrir nele uma história avassaladora, uma coisa digna de filme, uma daquelas que nos deixa numa choradeira desatada, uma revelação extraordinária que mostre que afinal ele é mais do que isto ou que algum dia foi. É curto isto. Mas na verdade ele agora até me parece feliz. Se calhar afinal até não é má de todo a vidinha que leva.
No outro dia dizia-me, Dótôra hoje despeço-me já porque vou sair mais cedo qu´hoje dá o meu Sportem na televisão. Ou vejo-o pegar no Peugeotzinho velhote (pasmei-me quando descobri que até carro tem!) e me atira òh Dótôra isto hoje está muito frio e apetece-me é ir para casa sossegado..! E é estranho isto, porque ele tem esta liberdade, este afoitamento, este entusiasmo a falar connosco, seus cliente habituais, nós que nos queixamos, eu que murmuro um Desculpe lá, porque só tenho uma moeda pequenina para lhe dar – e ele Deixe lá isso Dótôra, então a gente não se conhece aqui de todos os dias? - e lá vou a resmungar porque hoje apetecia-me mesmo era estar em casa enrolada com os meus meninos, porque está um dia cinzento e frio e não há melhor que o calor dos risos deles em mim.
E a verdade, como se sabe, é que não há moedinha que pague nem um bocadinho disso.