Um desafio aos leitores!!

Já que umjeitomanso.blogspot.com me «anunciou» enquanto Contadora de Histórias, vamos lá pôr-me à prova! Quem se interessar, envie-me email (diazinhos@gmail.com) ou deixe comentário num dos textos, com uma palavra ou frase que me «inspire» para um próximo texto. A ver se pega e a ver se estou à altura..

quinta-feira, 29 de março de 2012

Arco-Íris


Foram mil gotas de água
Que aqui entraram
Numa corrente
Numa torrente
À procura de quem não encontraram

Chegaram-se aqui à beira
Olharam-me e encolheram-se
Que não as queria
Que não são para aqui chamadas
Não me quero molhada
Não me quero fria e gelada

E elas assim se foram
Sem perceber ao que tinham vindo e ido
Que afinal eu já não era disso
Tristezas já a tive
Choros já não os quero
Vão-se para outros olhos
Outras casas que não a minha
Outras vidas que não esta
Suas mil gotas atoleimadas
Impertinentes
Desencontradas,
Aqui já não têm lugar
Aqui agora já não é assim

E lá se resignaram e foram
Talvez à procura de uma outra eu que já não sou
Talvez tristes por já não me terem
Talvez sozinhas e perdidas
Mas eu é que já não as quero por aqui
Agora são só risos e maravilhas
Alegrias e cantorias
Agora que neste calor de Verão
Acabou-se o que era aflição
E sorrio-me toda enquanto me levas, assim, pela mão

segunda-feira, 19 de março de 2012

História pedida 27 (por Anónimo, com o Mote abaixo referido): Era uma Vez...

PARTE I

Personagens - Enquadramento:

Ela, a loura - Vinte e muitos, barriga redonda, pesada, carregada dos 9 meses que já terminaram há 2 semanas. Cabelo louro, olhos azuis, magra, alta, elegante. Sorriso desmaiado, voz sumida, olhar cheio de mundo dentro.

Ele, o marido - Trinta's, muito moreno, olhar cerrado, sorriso difícil. O charme de um homem superiormente inteligente. Um coração bom, mas pouco dado a manifestações.

A outra Ela, a mãe - Dura, seca, escura, com opinião sobre tudo, áspera, fria. Todos se perguntam que mal lhe terá acontecido na vida para a falta de afecto, a absoluta ausência de calor.

O outro Ele, o poeta - Apaixonado pela loura de barriga redonda,  encantado desde que a via de longas tranças amarelas, de queixo nas mãos,  deslumbrada enquanto o via declamar os seus poemas na aula de português. Ele, o professor poeta. Ele, o preterido.

O Tempo - 1930's

O Espaço - Uma cidade perto do mar. Pode ser Setúbal. Ou Aveiro. Ou algures no Algarve. Mais à frente se decidirá.

O Mote - «Eu nunca tive jeito para peixe de rio...nem jeito nem feitio..»


CENAS DOS PRÓXIMOS CAPÍTULOS:

A Loura tem um parto «verde», o marido deixa-a entregue em agonia às freiras, a mãe vai dizendo às vizinhas, dia após dia após dia que está tudo bem, e o Poeta pondera a sua sorte.

sábado, 17 de março de 2012

Línguas de perguntador

Come closer, closer, yes right here, that's perfect. Now sing me something new, use your sweetest voice, right here, just nearby the bottom of my ear.
Now tell me how you love me. Not how much, but how you love me. I'll show you: I love you deep my love, I love you tight my love, I love you all my love.
See? Easy right? Now it's your turn. I'm not asking you all that much, just need to know if you love me the same way I do love you. Not how much, but the same thing, the same love. Yes. That would be just beautiful.
Your kiss closed in my hand. Your skin touching my lips. The words you don't say laying in your eyes. Yes, I think I know what you mean.

Well, but do I..?

quinta-feira, 15 de março de 2012

Hoje é só assim: Parabéns ao meu marido, pai dos meus filhos, parabéns por ter conseguido hoje o que tanto sonhou, esperou, planeeou; parabéns por ter dado o grande passo em direcção à vida que sempre desejou para si e para nós.
Quem espera sempre alcança, ouvimos dizer desde tenrinhos.. E não é bom - ainda melhor - se a espera for assim tão curtinha como esta?
É bom celebrar, comemorar, felicitar. Há uma palavra que é a que mais me está na ponta dos dedos, à beira da minha boca..não lhe encontro tradução que traga toda a amplitude do seu significado para a língua portuguesa. Fica apenas assim: Enjoy!

terça-feira, 13 de março de 2012

The End

Perdeste-me
sem aviso
sem alerta
sem notícia sequer

Perdeste-me
e fui para longe
sem ti à vista
e renasci mulher

Largaste-me
desabraçaste-me
deixaste-me cair
sem saber o que fazias

Não haverá um tempo-espaço
não se seguirá um depois
perdeste-me tanto imensamente tanto
já não pertences aos meus dias

Perdeste-me, fui
embalada nas palavras duras
na aspereza da tua voz
no tanto que me gritaste
na imensidão do ficar só

Perdeste-me,
perdeste-nos
e o pior, o que aperta fundo
é que eu também te perdi
e me perco assim agora
na ausência de nós dois

domingo, 11 de março de 2012

100ª Mensagem Publicada. Parece-me digno de uma espécie de comemoração


Hoje é dia de festa. Dia de celebrar. Porque se conseguiu, porque se fez. Assim dá gozo respirar. Fundo bem fundo. E Parar.
Parar.
Parar realmente.
Fechar os olhos.
Respirar fundo. Bem fundo. Ir ao fundo de nós.
Abrir os olhos. Abrir os olhos com um sorriso pendurado nos lábios.  Ter um sorriso bem dentro de nós, cheio de vontade de saltar cá para fora.
Aproveitar bem - bem, bem, bem! – as coisas pequenas, os momentos, as relações, as pessoas, os olhares, as emoções. Os gestos, os carinhos impensados, as palavras doces irreflectidas.
Ser genuíno, intenso, verdadeiro. Sentido.
Um suspiro, um desabafo, os risos dos meus amores e todas as sensações assim, tão à flor da pele, mesmo como eu gosto.
Ter o prazer de ter a vida – a vida tal como ela é – com alguém que nos segure a mão sempre que preciso fôr.
As cumplicidades, as intimidades, as palavras já esperadas e conhecer até ao fim.

Encontrar estes momentos para parar. Lembrarmo-nos de respirar fundo de vez em quando.
Lembrarmo-nos de tudo o que é espontâneo, transparente, das coisas boas na ponta dos dedos, dos frios na barriga e, cantando, sossegar as vontades de crescer.
E ter-te a ti a meu lado, para quando eu perguntar "Demorei muito?", responderes com doçura "Demoraste o que tinhas que demorar" e encontrar a perfeição assim.

Parar.
Parar para sentir.
E descobrir como é bom tudo o que temos na palma da mão. E dentro de nós. E depois voar. Voar sobre uma noite, uma praia, o mundo. E dar um abraço apertado, bem apertado à Vida.

sábado, 3 de março de 2012

De ti para mim

Se o rio fosse a lado nenhum
E nós fossemos mais que um
Se o céu gelado
Calasse o teu gesto cansado

Um dia ele te diria
- Ele, o rosto que ruía -
Que o teu corpo houve um dia
Que ao meu já sabia

E as flores desabrochadas
No teu ventre demolhadas,
Cheiram a um pedaço de ti
Que desapertei, provei, comi

Feito bicho
Feito fera
Feito eu
E o que ainda não era

Um esboço
Um princípio
E na curva do teu pescoço
...O início!