Um desafio aos leitores!!

Já que umjeitomanso.blogspot.com me «anunciou» enquanto Contadora de Histórias, vamos lá pôr-me à prova! Quem se interessar, envie-me email (diazinhos@gmail.com) ou deixe comentário num dos textos, com uma palavra ou frase que me «inspire» para um próximo texto. A ver se pega e a ver se estou à altura..

domingo, 30 de setembro de 2012

A menina Aguaceiro

Há dias assim, em que as coisas se complicam, o mundo fica mais cinzento e há partes de nós que nos doem. Há dias assim em que tanto corre mal e depois há o tanto bom que se tem. Há dias assim em que falta uma mão forte e doce para apertar, mas em que se sorri porque é tão bom ter uma mão pequenina dentro da nossa. Há dias assim em que não há certezas só perguntas e infinitos Se's, em que o sim é não, o não talvez, o talvez mais ou menos e por aí se vai. Há dias assim em que o sol se vai mais cedo, mas que nos descobrimos entre os risos pequeninos que enchem a noite.
Há dias assim em que me apetece encontrar um refúgio, um ninho, uma toca, levar os meus pequeninos comigo e deixarmo-nos estar em dias de sossego e muitas gargalhadas.  Iria para Setubal, para os meus avós, molhar-me com as mangueiradas no jardim, eu menina no meio dos meus meninos enlameados e risonhos. Eu menina no colo da minha avó que me iria entran¢ar o cabelo indomável como quando era eu pequenina, agora com os meus amores a brincarem a meus pés, com o meu avô que estaria ainda como era, a ensiná-los sobre a fábrica do cimento e as sementes que plantámos lá no quintal. Há dias assim em que só apetece paz e sossego, respirar fundo e ter quem tome conta de nós enquanto carregamos os nossos no colo.
Há dias assim que chegam ao fim e com cada uma das nossas crianças adormecida em cada um dos nossos bra¢os, afinal nos nossos lábios uma só palavra: obrigada. E assim, sorrindo, adormecer.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Equação de Nós dois

Gosto de ti mais que banhos de mar
Gosto de ti mais que pastéis de belém
Gosto de ti mais que o vento nos meus cabelos
Gosto de ti mais que a música a estalar nos meus ouvidos
Gosto de ti mais que a sombra das árvores em Agosto
Gosto de ti mais que férias demoradas
Gosto de ti mais que sestas na relva
Gosto de ti mais que risos com amigos
Gosto de ti mais que mergulhos na piscina
Gosto de ti mais que lençóis fescos na pele quente
Gosto de ti mais que um livro que me enche de histórias
Gosto de ti mais que escrever
Gosto de ti mais que muito, mais do que mais
Gosto de ti e era tão bom que pudesse ser só assim,
que fosse fácil assim,
que chegasse assim,
tu e eu
eu e tu
e no fim de tudo
tu com o meu cheiro a mim

sábado, 15 de setembro de 2012

Jogo de silêncios

Andamos neste jogo de silêncios. Há coisas que calamos. Muitas. Eu por isto, ele por aquilo, ou, no fundo, talvez os dois pelo mesmo.
Calo-me para não gritar o que me arde por dentro, para não me ouvir dizer o que sei que ele não quer ouvir.
Este nosso jogo de silêncios vem desde sempre. Enchemo-nos das coisas por dizer, sufocamo-las cá dentro até ao dia em que tudo sai numa torrente, num dilúvio, levando todos dentro. Todos, todos os que fazem a nossa história, todos os dias que nos doem, todos os medos e dores por dizer.
Hoje estou cansada deste nosso jogo.
Xeque-mate.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Palavra d´honra!

Quando eu fôr grande quero ser como ela: grande, opulenta, de peito avantajado, seios poderosos, ostentosos, portentosos, a fazerem sombra a um umbigo embutido em carnes rijas e rosadas. A coxa larga e firme, tornozelo rechonchudo ainda que bem torneado.

Quero ser como aquela mulher na praia do porto de Sines, contando alto e bom som até três, para a minha amiga escanzeladota tirar-me fotografias sensuais, ora agora de cabelo a soltar mil gotas salgadas enquanto o atiro para trás no meio das ondas, ora enquanto me rebolo deitada, tão extraordinariamente sensual e descomprometida à beira-mar, com a espuma das ondas a ladearem-me as curvas acentuadas.

Quero ser como ela, de sorriso fácil e feliz, enquanto a minha amiga me tira fotografias a meu comando, perante o olhar espantado dos outros veraneantes, toda eu em alta-voz, toda eu bamboleante, toda eu gargalhadas soltas e olhos brilhantes.
O fato de banho preto é o toque perfeito. Elegância acima de tudo, que isto de ser descontraida não tem nada a ver com desleixo ou falta de vaidade. Não, um fato de banho preto bem decotado, que mostre bem o que é bom de ver, mas que me dè esta aura de robusta femme fatale perdida no meio do alentejo salgado é a cereja no topo do bolo.

Ser como ela, cheia, poderosa, rosada e sorridente deve ser mesmo do melhorzinho que há para se ser. Come-se do que se gosta e porque se gosta, na quantidade que apetecer, sempre de ar saudável, satisfeita, altamente curvilínea e gargalhada potente. Toda ela potente. E absolutamente feliz.

As fotografias talvez vão para o rapaz lá da faculdade que todas cobiçam, ou talvez até se aventure a enviar para aqueles programas de televisão que nos dão 5 segundos de fama.. Nao interessa, talvez nem vão para lado nenhum e fiquem até por revelar. O momento foi bom e é o que importa. O caminho é que interessa, não o destino.

Por isso, eu quando for grande quero ser assim como esta mulher reluzente e cheia que vi dançar na areia e cantarolar uma música sexy enquanto saía em camara lenta das ondas.

Talvez no próximo Verão seja eu a rebolar um peito cheio, pesado, nas ondas mornas, a posar para uma máquina fotográfica, a cantar baixinho uma músiquinha sensual. E talvez tenha até alguém por perto a gritar-me bem alto: já está!

sábado, 8 de setembro de 2012

Quando eu for grande quero Escrever

Um dia hei-de escrever algo extraordinariamente belo. Palavras bem encadeadas que tirem desta expressão toda a sua presunção e arrebitamento.
Um dia hei-de conseguir libertar-me de mim e dos meus mundos, elevar-me acima do terreno e escrever num fluxo natural, corrido, translúcido, todas as palavras, virgulas e reticências que sejam um elogio perfeito à língua escrita.
Um dia hei-de conseguir toda eu brotar-me em flor, encontrar toda a cadência certa e compasso acertado para mostrar-me de dentro para fora, numa perfeição que me mostre sublime.
Um dia hei-de ser escritora, nem que só por um texto, por uma história, por umas linhas perfeitas, absolutas, leves, que no fim me deixem solta, cheia, feliz.
Depois pego na folhacheia e perfeita, aperto-a no peito, escondo-a na minha caixa dos tesouros e sorrio o meu sorriso mais sincero, porque hei-de ter o meu maior segredo só para mim.