Um desafio aos leitores!!

Já que umjeitomanso.blogspot.com me «anunciou» enquanto Contadora de Histórias, vamos lá pôr-me à prova! Quem se interessar, envie-me email (diazinhos@gmail.com) ou deixe comentário num dos textos, com uma palavra ou frase que me «inspire» para um próximo texto. A ver se pega e a ver se estou à altura..

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Ás vezes no silêncio da noite..

Procuro-te. É no silêncio da noite que a tua ausência é mais dura, mais só. Tento encontrar ecos de ti nos sítios mais improváveis e nos menos recomendáveis; junto de amigos, junto do que escreves, junto das memórias. Fugiste-me entre os dedos; és areia cinzenta que corre no vendaval dos dias. Procuro-te e não encontro, nem a ti, nem sequer uma sombra de ti. Deixaste-me em silêncio, sem aviso, sem notícia, sem uma esperança sequer. Os recantos que um dia foram nossos fazem-me doer. Fujo deles, tal como foges de mim (será isso? faço-te doer?). Eu pensava num amanhã, tu só queres viver do hoje. E algures nesta confusão de tempos perdemo-nos um do outro. Past tense, present tense. Nos tempos das aulas de inglês tudo era mais fácil, fluía e encaixava com lógica e racionalidade. Past tense, present tense, future tense. As palavras são o que nos sobrou; agora parece que nem isso temos.No fundo toda esta equação impossível de nós merece mesmo uma gorda e enorme question tag: isn't it?

sábado, 10 de agosto de 2013

Vontades à parte

Um dia visto-me toda de vermelho, um vestidinho bem colado às curvas que já foram mais curvadas – mas enfim, faz parte – pinto as unhas de encarnado ou rosa choque – eu que oscilo sempre entre o nenhum verniz e o quase transparente – empino-me em cima de uns saltos altos bem fininhos - e vamos ver quanto tempo me aguento lá nas alturas. Carrego num baton bordeaux, no rímel e até no blush e lá vou eu bem disfarçada de outra que é o contrário de mim, de passo leve e dançante subo a um palco qualquer, agarro-me ao microfone e canto tudo o que há dentro de mim. Vou cantar e contar todas as minhas músicas, as que já me conhecem e as que ainda há por descobrir, encher-me de sorrisos e de lágrimas, de contentamentos e aventuras, de amores impossíveis, paixões tresloucadas e do amor para sempre. A minha voz será límpida e certinha, os meus longos cabelos negros, lisinhos como nunca são, pendurados até ao fundo das minhas costas como um longo xaile de seda. Depois desço lá do palco, coberta de felicidade e calor, desço dos sapatos agulha, apanho o cabelo, limpo a cara num paninho molhado, visto um dos meus casacos de malhinha azul escuro e sento-me no meio de gente nenhuma. Peço a água de sempre, a olhar para o copo de vinho que ainda há pouco tinía na minha mão, vejo os outros que sobem ao palco mal iluminado a saírem de lá mais dentro de si, mais ajeitados nas suas peles e vestimentas, mais soltos e gulosos da vida. Ninguém acredita que era eu ainda há pouco ali em cima. Nem eu. Só as unhas escarlates me traem. E uma gargalhada limpinha sai de dentro de mim.