Um desafio aos leitores!!

Já que umjeitomanso.blogspot.com me «anunciou» enquanto Contadora de Histórias, vamos lá pôr-me à prova! Quem se interessar, envie-me email (diazinhos@gmail.com) ou deixe comentário num dos textos, com uma palavra ou frase que me «inspire» para um próximo texto. A ver se pega e a ver se estou à altura..

quarta-feira, 1 de março de 2023

WishList

Saio de mãos geladas encostadas ao peito, inspiro o frio. O sol na pele sabe bem, mas sabe ainda melhor com o ar cortante da manhã. Vou pisando a erva molhada e oiço o silêncio da montanha. O cão-urso segue à minha frente, feliz por estarmos ali os dois. 
Faço o caminho de pedra até à beira da ribanceira. Gosto de estar aqui. Gosto muito de estar aqui. O ar frio queima as narinas e acorda todos os sentidos, um a um, sacudindo a noite bem dormida.
Deixo os olhos habituarem-se   de va gar   à luz da manhã e seguirem a linha sem fim. O vale, as árvores, as flores e o rio lá em baixo. O urso puxa-me pela roupa, como só ele sabe, porque quer seguir caminho. 
Já não há neve e agora até prefiro assim. Encontro-me em estado semi-permanente de calmaria e sossego e de longas horas a escrever a minha história - literal e alegoricamente. Foi o melhor que fiz. Deixei as luzes da cidade, as confusões de todos os dias, o telefone que só toca, os mil problemas mil que teimam em perpetuar-se. Fugi para aqui e para as páginas em branco - literal ou metaforicamente.  
No topo do mundo o tempo pára, os ciclos sucedem-se devagar. 

O urso sorri para mim. Não é invenção, o meu urso-cão ri-se para mim de todas as vezes que me vê.

Voltamos para a casa de pedra escura onde estás tu acabado de acordar. Cobras-me ter acordado sozinho, mas puxas-me para um abraço demorado. (todos os nossos abraços são na medida perfeita e quero-os sempre assim)
Nunca to disse, mas desde que te vi pela primeira vez deste jeito - calças vestidas, peito descoberto, camisola ao ombro - soube que serias perdição sem tempo para acabar. Não interessa se estamos no meio da confusão, se estamos neste sossego: a coisa dá-se.
Venho consolada cá para cima. A grande janela de madeira vigia a montanha e as tuas brincadeiras com o ursinho lá fora. Sei que os meninos estão bem e sei que há tempo para tudo o que tem de ser.

Faça-se silêncio, está na hora de começar.




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