Deixaste de sentir? Diz-me, responde-me a esta pergunta que não me larga, colada a cada pedaço de mim. Deixaste de sentir? Tornaste-te numa pedra fria, dura, gelada que sabe apenas dizer futilidades, falar do tempo e assim, dos espirros e assado, das coisas que não doem e não vincam a alma?
Foi de um dia para o outro, entrei, encontrei-te ali sentada no sofá encarnado - não é encarnado, é rosa velho, dirias tu de olhar perdido numa revista qualquer - meia distante, meia longe das nossas coisas e do que sempre fomos e por aí tens ficado. Longe de nós.
Achas que me dá prazer estar assim?, perguntaste-me de olhos molhados depois de ajoelhar-me a teus pés e pedir-te por favor que me desses só mais um bocadinho de ti. Eu já não sei o que te dá prazer, a sério que já não sei o que te fazer, te dizer, deixaste-me perdido, deixas-me sem saber, já não me encontro quando me procuro nos teus olhos, muito menos na tua mão, longe que está da minha, tão longe que já nem me lembro quantas veias consigo contar, as tuas veias azuis grossas que me mostram os caminhos que há dentro de ti.
Deixaste de sentir, de me querer, de sequer pensar em nós?
Um dia cheguei e vi-te assim, meia fora de ti, meia longe do teu corpo, afastada do nosso tempo. Vê se percebes, não é que não estejas cá e dizes até o que é suposto dizer, falas do jantar, da roupa que compraste na net, tudo muito normal, demasiado normal, demasiado conversa de circunstância, demasiado de uma mulher que nunca foste tu.
Espera, disseste-me tu baixinho, como que voltando, por um momento, um instante só, à tua outra tu de sempre, Espera dá-me o meu tempo que eu precisar que eu volto já, mas espera. E lá te foste outra vez e nem a tua mão que prendi, nem o teu sorriso que tentei guardar, nem o arrepio que te senti na pele, nem nada do que sempre foste tu ficou. Só o teu corpo e esse teu cheiro a quente doce e bom.
E aqui estou à espera, minuto a minuto, dia após dia, agarrado à tua promessa fugidia, sentindo-me perdido à beira da tua estrada.
E, ao longe, ouvi-te sorrir.
Foi de um dia para o outro, entrei, encontrei-te ali sentada no sofá encarnado - não é encarnado, é rosa velho, dirias tu de olhar perdido numa revista qualquer - meia distante, meia longe das nossas coisas e do que sempre fomos e por aí tens ficado. Longe de nós.
Achas que me dá prazer estar assim?, perguntaste-me de olhos molhados depois de ajoelhar-me a teus pés e pedir-te por favor que me desses só mais um bocadinho de ti. Eu já não sei o que te dá prazer, a sério que já não sei o que te fazer, te dizer, deixaste-me perdido, deixas-me sem saber, já não me encontro quando me procuro nos teus olhos, muito menos na tua mão, longe que está da minha, tão longe que já nem me lembro quantas veias consigo contar, as tuas veias azuis grossas que me mostram os caminhos que há dentro de ti.
Deixaste de sentir, de me querer, de sequer pensar em nós?
Um dia cheguei e vi-te assim, meia fora de ti, meia longe do teu corpo, afastada do nosso tempo. Vê se percebes, não é que não estejas cá e dizes até o que é suposto dizer, falas do jantar, da roupa que compraste na net, tudo muito normal, demasiado normal, demasiado conversa de circunstância, demasiado de uma mulher que nunca foste tu.
Espera, disseste-me tu baixinho, como que voltando, por um momento, um instante só, à tua outra tu de sempre, Espera dá-me o meu tempo que eu precisar que eu volto já, mas espera. E lá te foste outra vez e nem a tua mão que prendi, nem o teu sorriso que tentei guardar, nem o arrepio que te senti na pele, nem nada do que sempre foste tu ficou. Só o teu corpo e esse teu cheiro a quente doce e bom.
E aqui estou à espera, minuto a minuto, dia após dia, agarrado à tua promessa fugidia, sentindo-me perdido à beira da tua estrada.
E, ao longe, ouvi-te sorrir.
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