Já deixaram alguém em banho-maria? Pois não o queiram fazer.
É doloroso, nao só para o sujeito banhado - obviamente -, mas muito para quem o faz.
O sujeito ora se contorce e estrebucha indignado com o que se lhe está a suceder, ora se põe de cabeça para baixo, de jeito amuado, tentando desaparecer; ora ainda se deixa estar a flutuar no quente como se nada estivesse para acontecer.
E nós, perpretores de tão terrível feito, sentimo-nos atordoados,doridos, sem saber bem o porquê de fazermos aquilo - tal atrocidade! - mas numa necessidade incontrolável, visceral, de o fazer. Dói cada gemido que se ouve, cada súplica calada, cada palavra abafada. O sujeito ali, em lume brando, a marinar, a perguntar sem o fazer: até quando, até quando isto vai durar, até quando este entontecer, este atordoamento, este queimar lento? Para quê, para quê?
E nós, perpretores de tão terrível feito, sentimo-nos atordoados,doridos, sem saber bem o porquê de fazermos aquilo - tal atrocidade! - mas numa necessidade incontrolável, visceral, de o fazer. Dói cada gemido que se ouve, cada súplica calada, cada palavra abafada. O sujeito ali, em lume brando, a marinar, a perguntar sem o fazer: até quando, até quando isto vai durar, até quando este entontecer, este atordoamento, este queimar lento? Para quê, para quê?
E nós ali, olhando, incapazes de mais, vamos controlando o lume, tentando que não queime de vez, esturrique, se desfaça e desapareça, a contar os segundos até esta necessidade ruim desfalecer.
Não queiram pôr alguém em banho-maria. Não é bom, nem pode ser. Custa e repuxa, dá medos por dentro de não se saber qual o ponto certo, a solução, o fim à vista. Não há receita que nos guie, conselho que nos valha, só deixar acontecer.
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