Um desafio aos leitores!!

Já que umjeitomanso.blogspot.com me «anunciou» enquanto Contadora de Histórias, vamos lá pôr-me à prova! Quem se interessar, envie-me email (diazinhos@gmail.com) ou deixe comentário num dos textos, com uma palavra ou frase que me «inspire» para um próximo texto. A ver se pega e a ver se estou à altura..

quinta-feira, 9 de maio de 2019

Luzes da Ribalta (História pedida por UmJeitoManso.blog inspirada em "Plural: eis o que sou mas não sei explicar" de Casimiro de Brito)

Se um dia fores ter comigo ao camarim, deixo-te pintar os lábios vermelhos, reflectida naquele espelho de mil luzes qual filme de Hollywood.
Deixamos os outros no palco, em ensaios e conversas indecifráveis, e vamos as duas lá atrás, fazer de conta que temos outra vez 10 anos e brincamos às raparigas dos filmes, como nos tempos de escola.
Empresto-te a minha escova prateada, o perfume mais que intenso, os brilhos dos olhos e até o rouge carmim.
Entrego-te as minhas lantejoulas, as plumas rosa para o cabelo, os colares de voltas para o pescoço. Vamos rir-nos porque, de repente, estamos outra vez no pátio da escola, o banco como palco e os nossos sonhos pelo ar.
Agora empoleira-te nestes saltos que tanto amaldiçoo, que me deixam perfeita sob os holofotes e fumos de cheiro, mas me pontapeiam as cruzes e os rins depois dos primeiros minutos de espectáculo.
Sabes que, na verdade, isto é tudo um show, um faz de conta que inebria nos princípios, faz-nos levitar e acreditar que somos infinitos, para - muita estrada e música depois -, nos esvaziar em cada regresso a casa.
No palco sou plural, sou o que sou sem saber explicar.
Vá, está quase na hora. Toma as luvas de cetim rosa, as pulseiras que fingem brilhar e um último retoque ao espelho. Estás perfeita.
Sim, podes até fazer de mim hoje. Sobes ao palco, assim, toda disfarçada desta que fiquei eu, enches-te de sorrisos e olhares sensuais e deixas que a música entre em ti.
Depois é só deixares-te ir. Confia em mim, fácil, fácil.
Eu fico por aqui, neste velho camarim com um espelho em que se faz dia, espero por ti, pacientemente até que tudo acabe, os aplausos, os autógrafos, os abraços festivos, até que aqui chegues. Liberto-te docemente de todas essas máscaras de mil cores, pego-te na mão e vamos sozinhas para casa.

Eu regressada a mim.


2 comentários:

  1. Não perdeu o jeito, não. Penso que as histórias
    sempre aí estiveram, à espera de um empurrãozinho.
    E aqui vai o meu: "Quando o tempo não nos dá tempo".

    Beijinhos

    Olinda

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  2. Querida Olinda, obrigada! A sua história já está ao lume... :)
    Bjs

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