Um dia hei-de contar-te uma das minhas histórias, mas hoje é mais uma das outras. Hoje é uma história tua, que afinal é minha, por seu eu quem a escreve.
Estas são as palavras que já te disse e que agora me dizes a mim, perdidos que estamos um no outro. Ou talvez seja esta a história do perdidos que estamos um do outro.
Pediste-me para te escrever porque a palavra escrita dura um para sempre infinito demais. A palavra demais é tua, não minha. Disseste que não sabes escrever, não sabes escolher as palavras, não sabes torná-las tuas, nem moldá-las ao que somos nós.
Disse-te: tudo bem, não te preocupes eu levo-te pela mão neste caminho sinuoso, letra a letra, e vou encontrando-te as palavras e cada vírgula que precisas para me escrever. Para me escrever de nós.
A carta que tenho na mão, já não sei para quem é, a quem se destina, quem procura. Afinal quem a lê? Sou eu ou tu? De quem são estas palavras que me dançam sob o olhar afundado naquilo que era para ser uma amostra, um testemunho de nós? Quem encontrou este caminho que leva a tão pouco ou quase nada, que me deixa a pensar se ainda há sobre o que escrever, o que dizer, o que dissertar?
E afinal quem me escreveu, tu ou eu?
Sem comentários:
Enviar um comentário