E isto porque o meu mais pequeno teima em desafiar todos os manuais e bíblias pediátriacas e, quase a chegar ao primeiro ano de vida, ainda acorda duas vezes por noite (se a coisa correr bem) para beber o seu leite. E isto já passando à frente das três semanas em que teve que beber o seu referido leite à colher - sim, é verdade, ao que uma pessoa pode chegar - por ter ganho uma inexplicável e, a meu ver, infundada aversão ao biberon. Agora, de repentemente, reconquistou-o, sabe-se lá como nem porquê; mas eu ando a agradecer efusiva,entusiática e frequentemente a todos os santinhos pelo facto - consumado.
Mas então que Eu ouvi um ga-a-aliiiinhoooo as 5h30 da madrugada (isto assim até quase que dava uma cantiga) e fiquei entre o espantada e o siderada. E enternecida, para dizer a verdade. Coisa misteriosa e sem aparente justifição, ao fim dos 10 anos em que já estou nesta casa, de repente dar com fauna campestre assim tão perto.
Se calhar alguém se lembrou de pôr um galo na marquise (será?), quem sabe se não por causa da crise (será?), talvez o galo todo dia fugindo gritando «ai cuidado não me pise!» (será?) que isto de viver num apartamento é coisa apertada, com falta de largueza, com falta de ar.
Como a bolacha maria da praxe, decido-me por mais outra porque já não posso com toda a gente a dizer-me que estou muito magra, que até estou, corro a enfiar-me na cama, puxo os 4 edredons e 11 cobertores, porque são tempos gelados estes e ponho-me sossegadinha a ver se o mais pequeno não se lembra de vir outra vez com a sua chantagem emocional-o-psicológica-o-tortural a obrigar-me a deitá-lo ao meu lado, na minha almofada, no meu abraço, e a fazer-me acordar de 30 em 30 minutos com mil formigas rabigas (o que será isto de ser rabiga? Não faço ideia, mas soa-me a coisa que não me importava de ser) a subirem-me braço acima e a descerem-me braço abaixo num corropio.
Mas então que faço uma coisa muito mais inteligente do que sossegar e pôr-me a dormir as poucas horas de sono que ainda me restam para hoje. Ponho-me a escrever. E, se não tivesse a minha sra.dona racionalidade a buzinar-me nos ouvidos vai para mais de 30 minutos, ainda deixaria sair mais e mais destas palavras que se me brotam de dentro para fora, até me esvaziar e assim ficar mais leve para adormecer.
Mas fico-me pela curta história do galo que acordou cedo, algures no meio de tanto cimento e betão, espantou-se e fez-se ouvir, perguntando-nos alto e bom som «Mas que será que estou aqui a fazer..?» e nós a encolhermos os ombros, virarmo-nos para o lado e a, finalmente, adormecer.
:))
ResponderEliminarHistória que me faz lembrar o tempo em que a minha pequenina- que agora já não é tão pequenina como isso, mas para nós as mães serão sempre pequeninos- não mamava, não tomava o biberon e sempre acordadinha, de sorriso nos lábios a olhar para mim. E eu no dia seguinte, eu, bêbeda de sono quase que não via o chão que pisava.
Quanto ao galo há sempre alguém com saudades do tempo em que tudo era mais prosaico e vai daí a varanda ou marquise é uma solução ideal para aplacar os desejos de voltar às origens...
Querida Histórias, adorei!
Tudo de bom, mais os seus pequeninos.
Bj
Olinda
Amiga
ResponderEliminarQue saudades de noites assim!... É. A gente, um dia temos saudades destas coisas chatas, das noites mal dormidas, de dormir com um dos olhos abertos e, um filho nos braços.
Ai, como eu me lembro!
Beijinhos
Maria