Um desafio aos leitores!!

Já que umjeitomanso.blogspot.com me «anunciou» enquanto Contadora de Histórias, vamos lá pôr-me à prova! Quem se interessar, envie-me email (diazinhos@gmail.com) ou deixe comentário num dos textos, com uma palavra ou frase que me «inspire» para um próximo texto. A ver se pega e a ver se estou à altura..

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2023

É proibido fumar

Digo-te que não gosto que fumes, mas a verdade é que gosto de ver-te fumar.
Explico: não gosto que fumes porque tenho medo das doenças, do mal que faz e come por dentro. E não gosto do fumo que me deixa em sibilos asmáticos.
Mas a verdade é que gosto de ver-te fumar, da tua pinta com o cigarro entre os lábios, do teu ar quando levantas o queixo a deixares o fumo sair, do teu ar sério -- só para ver desmanchares-te logo a seguir - e dos teus olhos em mim (os teus olhos em mim enquanto me sorris e em mim quando me queres sem travão)
Já pedi para aprenderes a fazer diáfanos corações de fumo, mas também sei que o mais que te digo é para largares os cigarros. Quero-te vivo, são, quero-te perto.
Naquele dia menti, disse que não podia ir à janela ver-te. Ou veres-me. Mas a verdade é que espreitei e vi-te na mota, passavas a mão no cabelo e tinhas um cigarro preso nos lábios. Não quis que me visses -- toda eu tremia, todo tu me fazes tremer - mas quis ver-te.
Não te quero mentir, só o faço quando tudo é demasiado demais e eu me faço fraca com vontade de enrolar-me num casulo fora de tempo.
Não vi corações esfumaçados, nem vi o teu sorriso de tão longe que estavas.  Eu tremo, tu fumas. Nada disto é muito saudável, nada disto era para ser assim. Mas é e não fazemos mais nada se não perguntar-nos todos os porquês.
Sabemos bem: a resposta temos os dois por dentro, mal ou bem já a sabemos, mas não é fácil pôr-lhe legenda. Como reduzir a uma resposta tudo o que para aqui vai? "Uma raridade", saiu-me no meio de um atropelo de emoções. Contigo é assim, emoções num corropio desde o micro-segundo em que a tua pele toca a minha, ou desde o momento em que oiço a tua voz a chamar-me como só tu me chamas ou no instante em que leio uma palavra tua. Confesso:  é mentira, sabes tão bem quanto eu que não é preciso nada disso. O feitiço está lançado e não tem tempo de acabar -- culpa da matéria de que somos feitos, matéria perfeitamente encaixável qual puzzle infinito com peças que se multiplicam incessantemente. E culpa de cada partícula indizível que nos compõe e que está permanentemente à procura do outro: infímas partículas que se puxam e se procuram, que se enredam e se fundem deixando de haver princípio de um e fim do outro.

Anda, acende um cigarro e já não sei se não é melhor acenderes um para mim também..












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