Um desafio aos leitores!!

Já que umjeitomanso.blogspot.com me «anunciou» enquanto Contadora de Histórias, vamos lá pôr-me à prova! Quem se interessar, envie-me email (diazinhos@gmail.com) ou deixe comentário num dos textos, com uma palavra ou frase que me «inspire» para um próximo texto. A ver se pega e a ver se estou à altura..

terça-feira, 8 de novembro de 2011

História pedida 17 (por Olinda Melo, tema Perto de Casa)

Anda aqui para perto de casa, para perto de mim. Anda para aqui onde o céu é mais azul, as àrvores mais altas e os rios correm devagar. Anda comigo, com os pés na minha sombra, enquanto te demoras num olhar. Salta neste arrepio sem fim, comigo, enquanto te abraço e te digo que te quero tanto assim.

Deixa-me beijar-te a longa trança, deixa-me enrolar-te num novelo sem fim. Suspiro na encosta do teu peito e vejo-te a desvaneceres levemente em mim. Cantei-te todas as danças, torneei-te em todas as noites. Sem ti desencontrei-me do resto e esqueci-me do que havia em mim. Mas se estivermos por aqui, perto deste nosso sítio perfeito, onde te embalei em todas as artes de mim, onde os nossos filhos se fizeram e cresceram, se estivermos por aqui, consigo sossegar e parar o medo que cresce daninho em mim.

Sabes que sem a tua quentura à minha beira deixo de ser eu,  já nem sei que sou. Sabes que é entre as paredes da nossa casa que consigo finalmente respirar? Lentamente, devagar.

Pois então ata-me aqui à nossa casa, ao nosso mundo, a ti, prende-me para eu não ir. Não quero perder-me como das outras vezes, confundido com um cheiro a ti que não o teu, atrás de um passo bamboleante que não o teu, perdido em alguém que não és tu. Por isso fica aqui comigo, pertinho de casa, de nós, da vida que levamos, para não me deixar levar uma outra vez pelo que me acena ali na esquina, por umas pestanas demoradas, por um gesto que não o teu. 

Sou fraco, bem sabes, e hoje quando saíste para um dos teus sítios, esqueceste-te de trancar a porta e eu senti-me sozinho, lembrei-me de sair, de arejar, e ela lá estava ao fundo da estrada que corri, chamou-me, apertou-me - estava tão longe de casa, de ti - e lá deixei eu ir-me outra vez, perdido de ti, de mim, de nós.

Isto tudo para te pedir: não voltes a sair, não vás para longe, fica sempre aqui pertinho de casa, das nossas árvores, do céu tão azul, do rio que hoje está a correr tão devagar. Minha querida, só mais desta vez, prometo, deixas-me ficar?

9 comentários:

  1. Minha querida

    Bom dia, Bom dia!!!

    Está a chover mas o dia parece-me radioso... :)

    Liguei o portátil vi a sua mensagem e vim logo a 'correr'.

    Adorei a história, é linda, linda.Emocionei-me ao lê-la.Volto a lê-la, demoro-me, saboreando cada palavra, cada passo, albergando-a bem no coração.

    O seu dom é admirável, minha querida! De duas outras ou três palavras, sem mais nada, constrói textos lindíssimos que deixam em nós um rasto de grande pertença.

    Como já lhe havia dito vou postar 'Perto de Nós'.E é daqui a dois ou três dias...

    Muito Obrigada.

    Beijinhos

    Olinda

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  2. Amiga
    A história é um prodígio de imaginação. Linda de morrer.
    Abraço grande
    Maria

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  3. Minhas queridas amigas, que bom que gostaram! É que fico sempre na dúvida se ficou alguma coiSa de interessante ou nem por isso..
    Obrigada!
    E obrigada Olinda por me deixar estar mais uma vez no seu Xaile tão acolhedor..
    E agora a da Maria está em lume brando. Confesso que me está a deixar a pensar mais que as outras, porque a sua camisa preta já tem de facto uma grande história..
    A ver...
    BJOS

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  4. Bela história uma vez mais. Gostei muito. Estava mesmo inspirada quando a escreveu, com uma absoluta fluência. Lê-se e apetece que não acabe.

    Muitos parabéns.

    Um beijinho.

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  5. Eu vim aqui porque a Olinda indicou, e que bela indicaçao!
    Ainda que ficcional, essa história é tao cheia de realidade, que parece ser o legado de um amor que o tempo nao apagou, e deixou em mim uma certeza de que uma construçao em bases sólidas, é pouco provável que despenque, apesar dos riscos de infiltraçoes e outras avarias.

    Parabéns pelo texto e deixo um abraço grande!

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  6. Cara Canto da Boca, seja muito bem vinda!
    Obrigada pelo seu comentário, não podia concordar mais...se bem que a ferrugem às vezes faz quebrar...
    Muito obrigada pela sua simpatia e se lhe apetecer, um dia destes, deixe cá um tema em jeito de desafio!
    Abç

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  7. Obrigada, obrigadinha, já integro a sua rede de seguidores, porque eu adoro histórias bem escritas, cheias e belas metáforas, e o fazes muito bem. Além da sua receptividade e simpatia, de verdade sou eu quem agradeço, e sim, claro que sim, vou pedir um tema, em breve!

    Abraço!

    ;)))

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  8. Gosto de Histórias, sendo de Nós, mais ainda.
    Lí "Perto de casa" lá na Olinda, ficando embevecida com a beleza de uma ficção tão "real".

    Já me instalei, vou voltar...
    Um abraço!
    Lúcia

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  9. Cara Lúcia, muito bem vinda a esta minha «casa». Gosto muito de visitas e ainda mais de caras novas :)
    Volte sempre e, como já disse acima, quando quiser deixe um desafio em forma de pedido de história
    Obrigada pelas suas palavras tão generosas.
    Abrç

    M.

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