Um desafio aos leitores!!

Já que umjeitomanso.blogspot.com me «anunciou» enquanto Contadora de Histórias, vamos lá pôr-me à prova! Quem se interessar, envie-me email (diazinhos@gmail.com) ou deixe comentário num dos textos, com uma palavra ou frase que me «inspire» para um próximo texto. A ver se pega e a ver se estou à altura..

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Quatorze anos

Á porta da minha escola havias tu. Chegavas, sentavas-te no lancil, puxavas um cigarro e ali ficavas. Parado. Quieto. Mudo.

O cabelo preto todo puxado para trás num arrepio gelatinoso. As mangas a roçarem os bicos dos teus joelhos que espreitavam nas calças coçadas. Um assobio entre as mãos para as meninas que passavam. E as tontas que apressavam o passo com medo do que se poderia seguir. E tu na tua.

O tempo passava e não arredavas pé. Apareciam os das motas, os dos carros, os do liceu de baixo e até alguns pais que insistiam em ir buscar os filhos envergonhados.  E tu ali, de cigarro entre os dentes, de assobio entre as mãos.

Nós raparigas não sabiamos bem o que pensar de ti. Inventávamos-te histórias dramáticas, romances novelescos, crimes impunes.

Mas tu esperavas a Professora Lúcia, que, sempre que passava, baixava o olhar para não te encontrar. Apaixonaste-te pelos seus grandes olhos dourados e pernas intermináveis. Acabaras o liceu no ano anterior, depois de vários anos em repetição - quer fosse por não teres que fazer na vida, quer fosse para demorares-te na contemplação da Professora.

Isto contaste-me tu naquele primeiro dia em que ganhei coragem, sentei-me apertando a saia entre os joelhos e te fiz todas as perguntas. E em que surpreendentemente me respondeste. Não sou mais que uma miúda ao teu lado, mas a tua mão agarrou a minha quando te procurei entre os cigarros.


Ás vezes na correria dos nossos corpos nus na cama da minha mãe, oiço-te a chamares-me Lucia. Mas eu não me importo. Acho que um dia gostava de ser professora também.

3 comentários:

  1. Amores de juventude, tão breves, tão efémeros e, que deixam marcas tão profundas!
    Bonita, esta história de nós que, vai lembrar histórias vividas ou, sonhadas.
    Beijinho, amiga
    Maria

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  2. Olá, Histórias de Nós

    Uma história com que quase cada uma de nós nos identificamos. Tempos intensos que a nossa memória recorda com saudades.

    Hei-de voltar para ler as histórias que, entretanto, escreveu desde a minha ultima vinda aqui...
    Tenho tido problemas técnicos e de acesso à Net.

    Beijos

    Olinda

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  3. É verdade, na adolescência tudo é tão intenso que marca para sempre.

    Cara Olinda, já vinha sentindo a sua falta! Volte pois, para ver o que se tem andado por aqui a passar, do bom e do menos bom...

    BJOS!

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