Bati a porta do mundo e fugi da vida. Peguei-o, apertei-o bem contra o peito e corri. Corri, corri, corri até ao mais infinito de mim. Saltei montes e montanhas, voei sobre as mais largas planícies e os mais secos desertos. Os mares mais salgados e os rios mais profundos. Corri, corri sempre, apertando-o contra mim, em mim, doce, docemente para não o deixar cair.
Apareceram as tempestades, os mais fortes vendavais, chuva, granizo e até furacões, mas não me deixei abrandar. Corri, corri sempre, até ao fim do tempo, até ao fim do mundo. Não o deixei por um segundo, não o deixei sair do meu regaço, não o deixei sair de mim.
Então vi-te, longe, bem lá longe, no topo da montanha mais alta, do pico mais agreste, tolhido pelas tempestades.
Do fundo de mim encontrei o que ainda me restava e corri até ti. Veloz, veloz como o vento ou a àgua, ou o tempo, ou o mundo. Corri até ti. Suspirei por fim.
Desapertei-o do meu regaço, dos meus braços, do meu peito e coloquei-o bem devagarinho no teu colo. Com suaves cuidados e sem o mais ínfimo pudor.
E foi assim que to entreguei. Foi assim que te dei o meu Amor.
Sem comentários:
Enviar um comentário