Com a ponta dos teus lábios tocas-me, ao de leve, a curva da orelha. Arrepio. Dizes-me o que se segue. A tua mão que procura a minha, toca-a, segue por mim acima, demora-se no meu ombro e segura-me o cabelo. Arrepio.
A tua boca na minha nuca, no meu pescoço, a descer a linha da costas. Arrepio.
Voltas à minha orelha. Segredas-me o que vais fazer a seguir. Pernas a tremer. Respiração presa na ansia do que se segue. Viras-me para ti. Colas-me a ti, encaixas-me em ti. Arrepio...
As minhas mãos que levas até ti. Apertas-me em ti. A tua boca no canto da minha. A dizer-me o que se segue. Pegas-me. Sem cuidado, só com vontade. Nem sei sorrir, só me deixo seguir. As tuas pernas a puxarem-me para ti. Os teus braços fortes a fazerem-me deslizar. Por ti. Arrepio, arrepio, arrepio.
Sentes-me, sinto-te. Perguntas-me «Estás a sentir-me?», não respondo, as palavras já as perdi há muito, aceno apenas ao de leve com a cabeça. Apertas-me ainda mais.
Dizes-me o que queres agora. Arrepio, arrepio, arrepio, arrepio!
A bancada fria da cozinha, gela-me o corpo. Assim estou na medida perfeita para ti. Como me segredaste antes. Sinto-te agora a tremer, a respiração descompassada. De tão colados que estamos já nem sei se é o meu, se o teu coração que bate tão desconcertado.
Dizemos um ai e já não sei se fui eu, se tu.
Uma lágrima quente desliza devagarinho, leve leve, na minha pele. Não te preocupes. É um arrepio.
Lindo este texto! Os corações batendo em uníssono, espírito e matéria em comunhão perfeita: a massa de que somos feitos.
ResponderEliminarBeijo
Olinda
Caríssima Olida, lindo o seu comentário! Um belo texto numa simples frase! Obrigada
ResponderEliminarBj