Ainda tenho o teu cheiro em mim. E que bom que é. Que bom que é sentir-te mesmo quando não estás. Mesmo quando estou aqui já com um nó cá dentro, só porque não sei quando te vou voltar a ter nos meus braços.
Abriste-me a porta do mundo, mostraste-me o que é a vida. Fizeste-me querer mudar, procurar cá dentro tudo o que está perdido, trazê-lo para a beira de mim, pegar-te na mão e entregar-te tudo o que sou. De mão beijada, porque o faço enquanto dou um beijo na palma da tua mão.
Vais-me desfolhando qual malmequer desencontrado dos seus, e vais-me mostrando afinal quem sou. E isso traz-me para mais junto de ti, para bem perto de ti. Queria-te aqui agora. Queria pegar o teu queixo na ponta dos meus dedos e olhar bem fundo nos teus olhos – como nunca me deixas – e dizer-te isto assim, assim a perceberes a força e a plenitude de cada palavra. Conseguiste o que mais ninguém conseguiu. Conseguiste tudo de mim. Tens tudo de mim.
Tenho ainda o teu cheiro em mim, os teus beijos em mim, as tuas mãos em mim, a tua vontade em mim, de mim, para mim, o toque da tua boca em mim, em mim toda, tua toda de uma vez, de todas as vezes, as vezes que quiseres.
Não te assustes, não tenhas medo da imensidão destas palavras, só eu as sei entender como elas são realmente, o que elas valem mesmo, o quanto vão ao fundo de mim. Não te preocupes. Nada mudou e tudo mudou. Continuo a recusar o mundo dos impossíveis e assim é mais fácil continuar a sentir-te como te sinto. Como nos sinto.
Tens-me agora na tua mão. Mas não faças de mim o que quiseres. Faz de mim o que eu quero, o que eu sinto, o que eu escrevo. Deixa-me nesta pureza de emoções, neste sem fim de transparência e infinitude. Infinitude de nós. Mais do que mais, mais do que era, mais do que foi, mais do que devia. Muito mais do que devia. Cada vez mais do que devia. Mas é e é assim.
Não te quero perder nunca, não me quero desencontrar de ti. Quero a vida assim, contigo bem perto, o teu abraço sempre perfeito, a tua vontade de mim. A minha vontade de ti. O nosso mundo só nosso. O nosso mundo sem principio, nem meio, nem fim.
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